A ESCURIDÃO NÃO PODE EXTINGUIR A ESCURIDÃO. SÓ A LUZ O PODE FAZER.»

MARTIN LUTHER KING




segunda-feira, 12 de março de 2012

«NÃO SEI VIVER!»




O filme «Florbela» foca os últimos anos do poeta (1925-1930), quando já não tem inspiração para escrever poesia e debalde tenta escrever com desespero e muita inquietação.
Nessa altura Florbela está no seu terceiro casamento, completamente falhado e ela tem consciência que não é capaz de amar e promete que vai ser uma boa mulher, mas não consegue, em si vive um grande desassossego. No filme não há qualquer abordagem aos seus poemas, ela apenas cita: Eu sou a que no mundo anda perdida/ Eu sou a que na vida não tem norte,  …/…
A única pessoa que a anima e ama acima de tudo é o seu irmão Apeles, existindo entre os dois uma cumplicidade muito especial, mas Apeles morre de acidente de avião em 1927. Isso representa para Florbela uma dor de que nunca mais se recuperou. Tenta por duas vezes o suicídio em Outubro e Novembro de 1930 e em Dezembro de 1930, no dia do seu 36º aniversário, a 8 de Dezembro, a sobredose de barbitúricos foi fatal.
Não tenhas medo, não! Tranquilamente,//Como adormece a noite pelo outono,//Fecha os olhos, simples, docemente,//Como à tarde uma pomba que tem sono...
Sobre o filme, tem uma realização interessante: fotografia, reconstituição de época, elenco, banda sonora o que me parece mais desinteressante é o diálogo que considero fraco. Não é um grande filme, falta-lhe audácia, falta-lhe interioridade, mas é um filme que eu iria sempre ver, porque é sobre um dos poetas que admiro incondicionalmente.

Eu sou a que no mundo anda perdida
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho,e desta sorte

Sou a crucificada ... a dolorida ...
.

Sombra de névoa tênue e esvaecida,

E que o destino amargo, triste e forte,

Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!...

.

Sou aquela que passa e ninguém vê...
Sou a que chamam triste sem o ser...
Sou a que chora sem saber porquê...

.

Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver,
E que nunca na vida me encontrou!

.

6 comentários:

Artes e escritas disse...

Não sei se para viver é preciso amar tendo em vista que a vida em si é amor, no caso dela era uma carência sem fim, triste fim. Um abraço, Yayá.

Unknown disse...

Gosto de toda a poesia que se Bebe em toda a obra de Florbela Espanca.
A dor ali tem forma e sabor.
Cada dose de sonetos embebeda-nos com uma dose dupla de sensibilidade e de sofrimento, mas tudo numa procura de amor mais rico e consertado.
Amor impossível.

chica disse...

Não vi o filme, que deve ser realmente interessante! beijos,lindo dia!chica

Lilá(s) disse...

Ainda não vi o filme, só a apresentação, mas já coloquei na agenda para ver em breve...
Bjs

Brown Eyes disse...

Manuela há muita gente que nunca aprende a viver. Para viver temos apenas que nos amar. Beijinhos

Laços e Rendas de Nós disse...

Um filme que não posso perder.

Florbela, a minha poetisa de eleição.

Identifico-e com ela. O que hei de fazer?


Beijo